100 Anos de Magia

Hoje, 20/10/2010 a Rural faz 100 anos. Várias mobilizações, limpezas exageradas e ornamentação perfeita. Os Paralamas do Sucesso já vieram e tem gente falando que até o Lula vai aparecer.
Ontem a noite eu estava no P1 (Prédio Principal) esperando pela minha 1ª sessão de Reiki. Sentei no banco gigante que tem na entrada, onde meus pés não conseguem nem tocar o chão, e fiquei vendo a tia das flores preparar vários arranjos. Eu, uma pessoa que fala pouco, comecei a interagir com a tia, fazendo várias perguntas. Ela começou a contar sobre os 100 anos da Rural, que tudo deveria estar perfeito, que estava cortando os eucaliptos pra aromatizar a entrada e ficava rodando o suporte das plantas pra lá e pra cá a cada 10 segundos pra ver onde ficaria melhor. Falávamos sobre assuntos diversos, mas eu ia observando cada detalhe. Ela cortava cada folha, arrumava cada margarida amarela, tirava e colocava uns raminhos pelo arranjo. Tudo com tanto carinho. Tanta dedicação. No final nem eu acreditei que ficaria tão lindo como ficou. Ela ficou triste por não ter uma câmera pra tirar foto da obra de arte. E eu fiquei triste por saber que hoje muitos iriam passar e nem sequer reparar nos tais arranjos. Como ela existem muitos.
Garis que deixam nossa cidade mais limpa e não recebem um 'bom dia'. Motoristas de ônibus que carregam milhares de vidas por dia e, com elas, reclamações de que o trânsito está parado, como se ele fosse o culpado pelo transtorno. Secretárias que, como eu, ganham a culpa pela falta de um professor.
Mas será que ninguém percebe a existência e a importância dessas pessoas? Talvez percebam quando não conseguirem mais andar pelas ruas de tanto lixo, ou quando não tiver ônibus que o leve onde quer, ou então quando seus requerimentos de 2ª chamada não chegarem até o professor - o mesmo que faltou aquele dia, lembra?
Independente da profissão - ou mesmo sem uma, afinal o desemprego é grande - as pessoas devem valorizar umas as outras. Saber quem são. Cumprimentar. Desejar que tenham um bom dia - e fazê-lo de coração.
Mas e a tia das flores? Alguém sabe quem é? Alguém reparou na bela ornamentação que ela ficou horas preparando? Isso eu não sei. Só posso dizer que aquela noite a tia das flores deixou a minha noite mais bela. Não apenas por me fazer lembrar que estou aqui, fazendo parte dos 100 anos dessa Universidade, mas também por aumentar minha esperança de que as pessoas ainda se preocupam umas com as outras.

Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente.

Henfil